Apostador da cidade acertou sozinhas as seis dezenas do concurso
Guanhães – Moradores de Guanhães, a 244 quilômetros de Belo Horizonte, no Vale do Rio Doce, passaram o dia de ontem sonhando ficar milionário e especulando quem é o ganhador do prêmio de R$ 32 milhões da Mega-Sena, sorteado sábado. A Gualoteca, na Avenida Milton Campos, no Centro, única lotérica da cidade e onde foi feita a aposta, ficou lotada. Além de outros serviços, o estabelecimento atraiu muita gente que também foi fazer uma fezinha.
Tentando aproveitar a onda de sorte, Afonso Glória de Souza, de 32 anos, chapa de caminhão e morador da cidade, se entusiasmou. “Jogo aqui toda semana e tenho esperanças de ganhar um dia, para poder fazer um monte de coisas com as quais tenho sonhado”, afirmou.
A funcionária Fabiana Ferreira Campos, uma bela morena de 27 anos, que opera há oito anos o terminal no qual foi feito o jogo com as dezenas premiadas (07 – 10 – 32 – 43 – 47 – 54), diz que não tem muita expectativa de ganhar um presente do sortudo. “Mas se quiser me dar alguma coisa, com certeza ficarei contente”. Ela não se recorda, “porque atende muita gente”, do momento em que o jogo foi feito. Técnica em segurança do trabalho, Fabiana acaba de passar no vestibular de geografia na Universidade de Uberaba, curso a distância, como muitos em Guanhães têm feito.
Enquanto isso, todo mundo quer saber quem é o sortudo. Nem Serginho Bracharia, nem Daniel, como chegou a ser ventilado. Como a voz do povo é a voz de Deus, o ti-ti-ti mais forte que circula na cidade aponta para André de Pinho, apelidado de “Bicho de Goiaba”, de 30 anos. Ele nasceu em Correntinho, distrito da cidade, a 20 quilômetros da sede. Alguns conhecidos, mais não muitos, também costumam chamá-lo de Maiquinho, como é o caso do comerciante Samuel Gonçalves Silva, o Doril, que disse ter se encontrado com ele no domingo de manhã no Clube Real Madri, onde foram jogar uma pelada na hora em que teria conferido o bilhete.
Há alguns anos, André de Pinho, o provável novo rico, vive com os pais no Rio de Janeiro, onde é motoboy, mas está sempre em Guanhães. Costuma comprar queijos para revender aos cariocas, como forma de ajudar na viagem. Também adora futebol, e o sonho, acalentado desde a infância, era ser jogador profissional, conforme confidenciou um tio dele, que preferiu não se identificar. Chegou, inclusive, a treinar em alguns times do Rio.
“Mas enquanto o dinheiro não for depositado no seu nome, não posso falar mais nada. Se ele for mesmo o ganhador, tenho certeza de que vai investir aqui em Correntinho, comprar fazendas e trazer a família de volta para cá. O André adora roça, e foi criado aqui com a gente”, disse.
Na boca do povo
Já uma tia de André, que mora na área central de Guanhães, e que também preferiu não ter seu nome divulgado, chegou a comentar que o sobrinho é um rapaz humilde. Mas, em seguida, se fechou: “Não posso falar mais nada, não sei de mais nada, cheguei da fazenda ontem à noite, e só estou ouvindo boatos”, disse, fechando em seguida a porta da sua casa. Um vendedor de loterias, Iris Fernandes, o Roque da loteria, que passava na hora pelo local, entrou na conversa. “Todo mundo tá falando que é ele. Eu mesmo, algumas vezes, já vendi bilhetes da Mega para ele, só que não foi o premiado.”
Tentando a sorte na lotérica, o coveiro Geraldo Severino Diogo, morador de Senhora do Porto, cidade vizinha de Guanhães, está otimista. “Não conheço o tal de André, mas se foi ele que ganhou, como estão falando, posso ganhar também, caso seja a vontade de Deus”, disse.
Até ontem à tarde, conforme informação de um funcionário da Caixa Econômica Federal de Guanhães, o ganhador ainda não havia aparecido para depositar o prêmio, com o qual “poderá comprar meio Correntinho, ou mais.” Como nos disse um morador do distrito onde, como também em Guanhães, não se fala em outra coisa, a não ser na provável sorte grande do filho da terra.
O dono da lotérica chegou a ser pressionado para não revelar o nome do vencedor. “Cheguei até a receber dois telefonemas anônimos, desaforados, até domingo à noite lá em casa, dizendo para eu parar de falar que ele (André) havia sido o premiado. Como eu iria saber, meu Deus, se é a máquina que faz o jogo?”, contou Aciole Catão. Segundo ele, moradores contaram que no domingo de manhã, no Clube Real Madri, quando teria ficado tomado conhecimento da premiação, André teria ficado mostrando o bilhete para todo mundo. (uai)
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