quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Parentes de mineiros mortos a caminho dos EUA aguardam justiça há um ano


Um ano depois do massacre de 72 emigrantes latino-americanos, executados a tiros por integrantes do cartel mexicano de drogas dos Zetas no estado de Tamaulipas, na fronteira do México com os Estados Unidos, as famílias dos mineiros Juliard Aires Fernandes e Hermínio Cardoso dos Santos, fuzilados pelos traficantes, vão entrar na Justiça contra os governos mexicano e norte-americano, pedindo uma indenização superior a US$ 1 milhão.

A informação é de Maria da Glória Aires Farias, de 48 anos, tia de Juliard, que já entrou em contato com advogados em Belo Horizonte, Governador Valadares e nos Estados Unidos para processar as autoridades dos dois países.

Ela afirma, com base em notícias publicadas por jornais mexicanos e norte-americanos, que policiais que atuavam na fronteira estão envolvidos com os traficantes que mataram os 92 imigrantes e, por isso, os governos podem ser responsabilizados pelos crimes e condenados a indenizar as famílias.
Ela acrescentou, ainda, que o pai de Hermínio, Antônio Ramos, de 73, é uma pessoa simples, ficou muito abalado com a morte do filho e por isso vai nomeá-la procuradora, para que represente os interesses das famílias no Brasil, no México e nos Estados Unidos, de acordo com o andamento do processo.

Em 5 de agosto do ano passado, Juliard, natural de Santa Efigênia de Minas, a 65 km de Guanhães, e Hermínio, natural de Sardoá, a 77 km, iniciaram a viagem que os levaria à morte em terras mexicanas. Saíram de Governador Valadares para tentar entrar clandestinamente nos Estados Unidos.
Segundo informações dos parentes, os dois buscavam emprego nos EUA e para chegar ao território norte-americano pagaram R$ 24, 5 mil cada um aos agenciadores que atuam no Leste de Minas e aos coiotes mexicanos, quadrilhas especializadas em atravessar emigrantes ilegais na fronteira.

A rota que os dois seguiram até chegar ao território mexicano não foi totalmente identificada. O que se sabe é que Juliard e Hermínio se juntaram a um grupo de emigrantes hondurenhos, salvadorenhos, equatorianos e guatemaltecos e embarcaram em um caminhão. Próximo à fronteira com o México, eles foram interceptados pelos traficantes, levados para um rancho na região de San Fernando e mortos a tiros. Um equatoriano de 19 anos que sobreviveu ao massacre conseguiu fugir e alertar as autoridades mexicanas. Os corpos foram encontrados em 25 de agosto, depois que o sobrevivente mostrou o local da chacina. Ele contou aos policiais que todos foram mortos depois de terem se recusado a trabalhar para os traficantes.

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